ABSTRACT
Introdução O SARS-CoV-2 foi identificado em diferentes partes do corpo humano, incluindo a superfície ocular e secreções conjuntivais. Neste ponto, as principais vias de transmissão reconhecidas são gotículas respiratórias e contato interpessoal próximo. Alguns estudos concluíram que a superfície ocular pode servir como fonte de reservatório de SARS-CoV-2;portanto, pode ser transmitida pelo contato mão-olho e depois ser transferida para outros sistemas pela via nasolacrimal e metástase hematogênica. Embora a produção de anticorpos séricos contra SARS-CoV-2 tenha sido comprovadamente induzida pela CoronaVac, pouco se sabe sobre a produção de anticorpos SARS-CoV-2 em lágrimas. Objetivo Quantificar a presença ou ausência de imunoglobulina anti-SARS-COV-2 em filme lacrimal em pacientes totalmente vacinados com o vírus inativado compará-lo com valores sorológicos de imunoglobulinas. Método Foram incluídos profissionais de saúde de um hospital universitário duas semanas após receberem a segunda dose da vacina. 87 pacientes quatro semanas após receberem a segunda dose com a mesma vacina tiveram suas lágrimas coletadas com Schimmer. As amostras foram mantidas em recipientes estéreis e enviadas para análise imunológica. Após a coleta da lágrima, uma amostra de sangue também foi coletada. Foram analisadas informações clínicas como sexo, valores séricos e de imunoglobulina lacrimal. Resultados Em nosso estudo transversal, dos 87 participantes, 71 eram do sexo feminino (81,6%) e 16 (18,3%) do sexo masculino. A presença de imunoglobulina anti-SARS-COV-2 nas lágrimas foi apresentada apenas em 1 paciente do sexo masculino (1,14%), enquanto a positividade de IgG nas amostras de soro foi observada em 82 pacientes (94,2%) e 5 pacientes do sexo feminino testaram negativo (5,8 %). Além disso, também foi analisado o valor sérico total da imunoglobulina anti-SARS-COV-2 sendo 85 (97,7%) positivos e 2 (2,3%) negativos. Esses dois pacientes foram negativos para a quantidade total e valores de IgG. Conclusão Estudos recentes mostraram que o RNA viral foi detectado em swabs oculares de pacientes COVID-positivos, o que indica que a superfície ocular é um local de infecção. No presente estudo, a maioria dos pacientes não apresentou defesa imunológica para SARS-cov-2 no filme lacrimal após a vacinação e portanto, a superfície ocular pode ser uma importante via de transmissão. Novos estudos com diferentes vacinas devem ser feitos para comparar a resposta imunológica.
ABSTRACT
AIM: To identify retinal findings using dilated eye examination, which are possibly related to SARS-CoV-2 infection in hospitalised patients with confirmed severe COVID-19. METHODS: In this cross-sectional study, hospitalised patients with confirmed severe COVID-19 in a single referral centre for the treatment of COVID-19, in Santo André, São Paulo Metropolitan Area, Brazil, underwent dilated eye examination of both eyes performed by a retina specialist. Findings were recorded using a portable digital fundus camera. Retinographies were analysed by two retina specialists. Medical records were reviewed for assessment of patient demographics, baseline comorbidities and clinical data. RESULTS: There were a total of 18 patients, nine (50%) male, median IQR age of 62.5 (12) years. Ten of the 18 patients (55.6%; 95% CI 33.7 to 75.4) had abnormalities on dilated eye examination. The main findings were flame-shaped haemorrhages (N=4; 22.2%; 95% CI 9.0 to 45.2) and ischaemic pattern lesions (cotton wool spots and retinal sectorial pallor) (N=4; 22.2%; 95% CI 9.0 to 45.2), with one patient having both cotton wool spots and flame-shaped haemorrhages. CONCLUSION: These findings suggest that patients with severe COVID-19 have acute vascular lesions of the inner retina including flame-shaped haemorrhages and cotton wool spots. Further studies controlling for confounding factors are necessary to properly assess these findings so as to increase the understanding of COVID-19 pathophysiology and to identify new therapies.